segunda-feira, 12 de agosto de 2013

The Bling Ring

Realização: Sofia Coppola
Argumento: Sofia Coppola
Elenco: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson e Leslie Mann


A desilusão era garantida. Sofia Coppola habituou-nos a obras profundas e introspectivas sobre pessoas solitárias e interessantes. As suas “Virgens Suicidas” foram uma ode às dores de crescimento, o seu “O Amor É Um Lugar Estranho” trouxe uma inesperada doçura à paixão platónica. Com “Bling Ring – O Gangue de Hollywood”, Coppola virou definitivamente a página e, inevitavelmente, piorou o livro.

A história é verídica, e isto são as más notícias. Em 2009, um grupo de miúdos ricos e obcecados com celebridades invadiram as casas de alguns dos seus ídolos – entre os quais Paris Hilton e Lindsay Lohan – e furtaram objectos de luxo no valor de mais de 4 milhões de dólares. A história foi explorada pela revista “Vanity Fair” e deixou em Coppola a vontade de juntar a sua mestria técnica a uma crítica à cultura de massas. A crítica está bem feita, o filme vale pelo talento técnico de Coppola, pela banda sonora ousada e pela cinematografia do génio Harris Savides, que, infelizmente, faleceu poucos meses após a rodagem do filme.

O tema é válido: as nossas crianças são vítimas da espiritualidade new age, da cultura de massas e da excessiva complacência de pais pouco atentos. “Spring Breakers” tentou uma abordagem a este fenómeno e falhou. Coppola, ainda que subaproveitada, respeitou o compromisso assumido.


Artigo publicado em Jornal i - 08/08/2013

3 comentários:

  1. Admito que gostei, mas com um gostar meio gasto. A Sofia está cada vez mais mergulhada no hype que criou: os seus filmes começam bem, mas no fim fica a sensação de inutilidade. O filme acaba por mergulhar na sua própria crítica à superficialidade e por lá fica.

    Não há tensão, não há outro interesse que não seja aquele que se tem ao assistir a um documentário, não há ficção inspirada.

    No entanto, esteticamente, o filme é uma delícia. A cinematografia do belo por fora resulta sem espinhas e a banda sonora só ajuda a esse efeito.

    Enfim, mais um filme de crítica ao vazio da sociedade, ao estilo de vida da moda, ao "living vicariously through the tv", etc... Acho que o Bret Easton Ellis faz isso com mais vigor, só que a Sofia sabe filmar, talvez se devessem juntar. Podia ser que a rapariga ganhasse sentimento.

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    1. Concordo. Acho que a crítica foi bem feita e, ao contrário do Spring Breakers, acho que não se torna uma paródia de si mesma. Gosto do Bret Easton Ellis, mas ouvi dizer que o novo filme dele com a Lohan deixa muito a desejar. Secalhar tens razão, devia escolher melhor os realizadores com que trabalha.

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  2. A Sofia conseguiu fazer mais um filme do catano! Eu adorei o filme, consegue ter toda uma atmosfera nova e real, algo nunca visto em cinema e por isso demora a ser assimilado. É estranho, é novo, é diferente, é pormenorizado. Consegue-se sentir ao longo do filme todo o vazio daquelas cabeças e depois há ali cenas, principalmente à noite, que me remetem para o laranja mecânica. 5 estrelas. Mais uma vez a Sofia supera-se e faz algo totalmente novo.

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