terça-feira, 18 de novembro de 2014

The Judge


Realização: David Dobkin
Argumento: Nick Schenk, Bill Dubuque
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincent D’Onofrio, Jeremy Strong, Dax Shepard, Leighton Meester

The Judge deixou-me algo desiludido, não tanto porque não tenha gostado do filme, não é isso, mas pela sensação de que noutras mãos teria saído algo mais contundente, por assim dizer.

A história, simples, gira em torno dum advogado de sucesso em Chicago que, com o casamento a colapsar e emocionalmente instável, recebe a notícia de que a mãe havia falecido. Desse modo tem de regressar ao fim de muitos à sua terra natal, no interior de Indiana, onde terá de lidar novamente com a incompatibilidade com o pai, o austero e conservador juiz da cidade.

A partir daqui a trama desenrola-se à volta do juiz, da doença terminal encoberta que carrega, e duma acusação de homicídio, com base numa suposta vingança pessoal passada, que poderá levá-lo à cadeia e, acima de tudo, manchar a reputação de um dos homens mais ilustres e respeitados da cidade. A menos que o filho o consiga defender, algo que ele a dado momento relutantemente aceita.

O problema é que se no tribunal ainda obtemos algumas cenas com relativa intensidade – com Thornton em bom plano como advogado de acusação –, já no plano familiar as situações de tensão raramente são exploradas da forma crua e quase voyeurista que deveriam ser, de modo a que fossem efectivamente duras e dramáticas. Há sempre um registo demasiado leve, demasiado bonacheirão, com Downey Jr. a mandar umas piadas pelo meio, que acaba por não pegar completamente. E é somente nos momentos em que Duvall agarra o filme que sentimos que está no trilho certo, que a carga dramática e moral é a que queremos.

Por isso é que, à excepção da cena do banho, forte, quase explícita, e que ainda assim não é todo o “soco no estômago” que podia ser, nenhuma das cenas familiares nos deixam impressionados e desconfortáveis como gostaríamos de ficar. A tensão dos diálogos, excelentes, do recente August: Osage County, por exemplo, aqui nunca se sente. De todo. E havia condições para isso.

Com um romance paralelo entre Downey Jr. e Farmiga – linda! –, algo insosso e um desfecho previsível e “limpinho”, The Judge acaba por saber a pouco, tolhido pela incapacidade (ou não pretensão) de David Dobkin em levá-lo para um campo mais ambíguo, mais disfuncional até, mas simultaneamente mais interessante.

Golpes Altos: Duvall, o terno Dale e Billy Bob. (Queria a Vera Farmiga ao meu lado para o resto dos meus dias. Por favor!)

Golpes Baixos: A pouca ambição da realização e, consequentemente, o registo demasiado leve e funny como por vezes o filme é conduzido. Este argumento tinha sumo para uma versão mais fria e cínica. Provavelmente teria dado um melhor filme.

3 comentários:

  1. Tenho muita curiosidade neste filme por juntar Bily Bob e Robert Downey Jr.

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    1. São dois grandes Roberts, é verdade, mas desconfio que neste filme ainda vais gostar mais do Robert velhote!:)

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  2. O Duvall está excelente e a Farmiga é uma fofura! Isso são pontos assentes!

    O filme poderia ter sido bem melhor sim, mas gostei e acho que vale a bem a pena. Apesar de o RD Jr ter sempre uma assinatura muito característica (aquele agorrante convencido da treta que acha que é o maior e tem imensa piada) foi muito bom vê-lo num registo diferente que não o de super herói. :)

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